sábado, 18 de agosto de 2007

Onde estivestes de noite

Eu pensava que o conto se chamava «onde estiveste de noite» e é assim que está na folha de guarda, na ficha técnica e no índice do livro editado em Portugal pela Relógio de Água, que toma como título precisamente o nome deste conto.
Só ontem dei conta que na capa, tal como na edição brasileira, o nome surge na forma plural «Onde Estivestes De Noite». Perplexo, li singularmente o conto, uma história estupefaciente, vivida numa noite de «possibilidade excepcional», orgiática, exclamativa de sensações em uivo, em que «ninguém podia viver no tempo, o tempo era indirecto e por sua própria natureza sempre inalcançável», dança ritual de estranhezas, a magia negra e a supersensação, o sexo puro, entumescente de gozo e líquido de efeitos até à abjecção final do resultado.
Terminei a leitura ia alta a madrugada. Compreendi, solitário, o plural da capa, o mundo dos outros, a noite das fantasias.
Atenção: no título não falta um ponto de interrogação, é um texto de verdades oníricas, pecadas em pensamento, não de elucubrações frustradas, de indolente substituição.